sábado, 24 de setembro de 2011

Pensamentos de Primavera

“Sempre houve em mim uma desconfiança da sinceridade do meu amor por Deus e pela minha esposa. Mas ontem, ao gritar com ela, me bateu, de imediato, um profundo arrependimento pelo mal cometido, uma vontade enorme de reatar os laços e de retomar a paz entre nós. Assim descobri que a amo e que também amo também a Deus; pois, quando peco, também me vem um sincero arrependimento, uma vontade de apagar o mal cometido. Então descobri que o amor humano não é ausência de erros, mas o arrependimento deles.”

Em 24/09/2011
03:30 AM


“Vivo uma grande oportunidade de perseverar na fé em Deus. Minha situação financeira me preocupa, e isso faz, em rápidos lapsos, me abater e me fazer duvidar da presença de Deus e de Sua provisão na minha vida. Mas sei que não posso deixar que a minha situação terrena (seja ela qual for: financeira, física, psicológica) dite o meu estado emocional, as minhas certezas, e consequentemente a qualidade do meu trabalho a Deus; mas sim a suficiência da cruz de Cristo e de Sua graça, seja o único motivo que me impulsione a viver de forma alegre em todos os momentos, e no trabalho que Deus me der a fazer.”


Em 24/09/2011
03:50 AM

sábado, 10 de setembro de 2011

Viva o Fracasso!

Sou mesmo um fracassado. Isto admito porque não correspondo aos padrões do mundo capitalista. Minha mão de obra é totalmente desqualificada para aquilo que se espera aos interesses capitalistas. Não posso contribuir para que me suguem ao ponto de acumularem riquezas suficientes às custas de meu trabalho alienado. Sugam sua alegria de viver, suas forças, sua mentalidade, “adestra” seu comportamento para uma espécie de tipo ideal capitalista de subserviência que irá proporcionar o bem-estar aos donos do poder; bombardeia – através da mídia, ciência e até mesmo da religião – sua psiquê ao ponto de estabelecer como verdade absoluta o fato de que se render aos interesses capitalistas vão torná-lo feliz através da recompensa financeira (que muitas vezes não corresponde ao esforço realizado).
Preciso passar a minha existência sendo escravo deste sistema? O mundo é capitalista e parece não haver jeito de se livrar desta ilusão. Durante anos o socialismo (assim como o anarquismo, de forma mais radical) tentou vitoriá-lo, mas sem lograr êxito. Não sei dizer se seria diferente com o socialismo, mas quero me ater a pensar somente a realidade – e não hipotetizar “como seria” o mundo com outro sistema. Eu me enxergo hoje, como alguém totalmente despreparado a viver neste mundo, pois não posso dar aquilo que o sistema tanto quer de mim – minha própria vida. Não quero me render a este sistema e não é porque quero medir forças com ele, ou seja, não é uma questão de poder (correlação de forças); mas sim de não tornar infeliz minha passagem neste mundo em nome de um sistema que não se interessa em saber o que ELES podem TE oferecer, mas sim o que VOCÊ pode oferecê-los. Não há reciprocidade de interesses. Eles ditam o que querem e só resta a você concordar – se é que você queira viver dentro dos padrões materiais e éticos estabelecidos por eles.
Somos valorizados pelo que temos. É a lógica do acúmulo. Se quisermos adquirir respeito neste mundo, temos que TER. Até a Ciência está subserviente à logica do acúmulo do saber e do dinheiro. Exemplo disso é que até para se adquirir conhecimento precisamos de dinheiro para adquirirmos as fontes do saber – os livros. E percebam também que, para que o nosso saber seja valorizado e reconhecido pela humanidade, precisa-se estar representado por um diploma, intermediado por uma Universidade. É tudo ilusão. Nas Universidades, vale salientar, seu valor está intimamente ligado à sua produção acadêmica. Quanto mais produz, mais valor você tem. É a lógica do acúmulo na Ciência.
Os grandes pensadores do mundo e suas contribuições teóricas, assim como as grandes descobertas da humanidade, não estavam à mercê de Universidade alguma. Muitos deles nem sequer estavam interessados pelo reconhecimento, pelo contrário, foram presos, torturados e mortos em nome de suas descobertas e pensamentos (ver Galileu e Lutero, por exemplo). Eram livres em seus pensamentos, altruístas em suas descobertas, e esta liberdade os levou a grandes realizações que revolucionaram o mundo.
O SER não passa de uma representação do TER. A lógica do trabalho intermedia os julgamentos. Julgamos as pessoas pelos seus trabalhos. Ninguém mais se interessa pelo seu caráter. Estamos presos a uma lógica destrutiva onde o conceito de felicidade está ligada intimamente ao dinheiro. Até o mundo da Arte está dividida; grande parcela dela está subserviente ao dinheiro. Já dizia Chico Science: “Computadores fazem arte, artistas fazem dinheiro”. A arte radical grita, tentando seu espaço, mas sem sucesso.
Reconheçamos que até o cristianismo dos últimos tempos está totalmente subserviente a esta lógica. Cristo ensinou-nos a não acumularmos riquezas neste mundo; falou-nos que o amor ao dinheiro é a raiz de todos os males; falou-nos que devemos negar a nós mesmos; Cristo mesmo foi exemplo vivo de altruísmo; mas isto é ensinado nas igrejas? Talvez. E, se sim, muito pouco. Basta nos lembrarmos de como e graças a quem o capitalismo se desenvolveu no mundo. Cristo não foi contra o trabalho em si, mas o seu uso para fins de acúmulo; e é isto que o capitalismo nos doutrina; é isto que a humanidade persegue com todas as suas forças; é nisto que está ligado o conceito de felicidade; e foi isso que o protestantismo ensinou ao mundo, desvirtuando por completo do cerne do ensinamento do próprio Jesus: “Que todo aquele que Nele cresse, tivesse vida em abundância (…) e não se conformar com o mundo”. Vejo que até para os mais ascetas cristãos, posso ser visto como o maior asceta entre todos (cumprindo com os todos os deveres religiosos exigidos), mas se não trabalhar, passarei a ser visto como um fracassado. Até o conceito de fracasso, para os cristãos de hoje, está intimamente ligado à lógica do trabalho capitalista. O espiritual pouco importa; o que importa mesmo é estar à serviço do capitalismo.
Até o conceito de amor eros está totalmente deturpado. Não conseguimos amar alguém que não esteja à nossa altura (medidos pelo TER material e imaterial). Não queremos passar o resto de nossas vidas com alguém que não possa nos oferecer algo que nos proporcione algum conforto (mais uma vez: material e imaterial).
Não me envergonho em dizer para o mundo inteiro: sou um derrotado (e que seja!). Posso ser julgado como preguiçoso, lunático, utópico, mas, como já dito outrora, o julgamento humano está totalmente alienado à logica capitalista do trabalho, e esta, por sua vez, do acúmulo. Por isso mesmo não me importo. Não me importo em TER, nem mesmo em SER – aos olhos do mundo. Quero ter a sensação de liberdade em dizer na “cara” do povo, que sou um derrotado por não me moldar à lógica mundana e de não compactuar com a mesma; e fitar bem os meus olhos em seus olhos e esperar o olhar confuso, julgador e penalizado, ao mesmo tempo.

Maceió, 10 de Setembro de 2011.
03:13 AM