terça-feira, 20 de dezembro de 2011

Os efeitos simbólicos da morte de Ceci Cunha para os alagoanos.


Da: Profª. Dra. Ruth Vasconcelos - coordenadora do Programa Ufal em Defesa da Vida.

Fonte: http://www.ufal.edu.br/noticias/2011/12/os-efeitos-simbolicos-da-morte-de-ceci-cunha-para-os-alagoanos

Há 13 anos a família de Ceci Cunha foi barbaramente golpeada pela ação do crime organizado no Estado de Alagoas; há 13 anos sua família sofre a dor de uma perda irreparável; há 13 anos, mais uma vez, a democracia em Alagoas foi gravemente ferida, e os 60 mil eleitores que elegeram Ceci Cunha, foram desrespeitados em seu desejo de tê-la como representante na Câmara dos Deputados; há 13 anos nós, alagoanos, convivemos com a impunidade de um crime que se tornou emblemático pela perversidade do feito; há 13 anos, nós que estudamos o tema da violência ficamos perplexos com a brutalidade de um crime que produziu imagens ainda hoje represadas em nossas memórias; há 13 anos, indignamo-nos pela ineficiência, insuficiência, morosidade, para não dizer descaso das instituições que teriam de apresentar à família de Ceci Cunha e à sociedade alagoana o imediato esclarecimento da chacina e a devida punição dos culpados desse crime hediondo que atingiu a honra de todos que defendemos a vida como um bem inalienável. Há 13 anos, experimentamos a sensação de desproteção e desamparo que ampliam a cada dia o sentimento de vulnerabilidade em nós que vivemos no Estado de Alagoas.

Estive presente na missa em celebração da morte de Ceci Cunha e dos familiares que também foram assassinados no fatídico dia 16 de dezembro de 1998, há 13 anos. Como coordenadora do Programa UFAL EM DEFESA DA VIDA, fiz-me presente, antes de tudo, num gesto de solidariedade à família, mas também para reafirmarmos o compromisso institucional da UFAL de fazer da educação um instrumento de promoção da cidadania e da defesa dos direitos humanos. É um desafio para nós educadores, inscrevermos na formação profissional dos nossos estudantes o compromisso com os valores éticos, humanitários, democráticos que pressupõe assumir uma postura de respeito ao outro como um sujeito de direitos.

Estive presente na missa representando o Programa UFAL EM DEFESA DA VIDA, mas também na condição de mulher, mãe, filha, irmã, amiga, educadora, enfim, assumindo a minha condição humana. Vivenciei esse momento com imensa tristeza e desolação. Estamos às vésperas do Natal e pensei quantas noites de Natal a família de Ceci viveu amargando a dor da perda e o desamparo produzido pela impunidade. Senti profundamente pelos seus filhos, sua irmã e amigos presentes. Fiquei comovida e chorei pelos filhos de Ceci Cunha que, a despeito de terem perdido sua mãe numa idade em que a presença maternal ainda é tão importante, tiveram a possibilidade de atravessar essa tragédia mantendo a dignidade e a esperança de verem a justiça sendo feita, ainda que tardiamente.

Nessa missa também lembrei as milhares de famílias que perderam seus entes queridos e vivem, assim como a família de Ceci, a tristeza não só da perda, mas também da impunidade. No dia 16 de Janeiro de 2012 está marcado o Júri Popular para finalmente fazermos a justiça nesse caso de Ceci Cunha. É lamentável que tenhamos mantido essa ferida simbólica aberta há 13 anos, sem uma resposta judicial.

Nós, que defendemos a vida, precisamos ficar vigilantes para que não haja mais adiamentos nesse julgamento; e para que todos que um dia ceifaram a vida de alguém, de forma direta ou indireta, não fiquem impunes, pois a impunidade tem um forte efeito de desagregação e desestruturação da sociedade. É preciso dizer que, se a violência produz o efeito de “rompimento da coesão” psíquica e social, a única forma de sua restauração é a punição dos culpados. Como afirma a psicanalista Maria Laurinda de Souza, “O ato de justiça conserta a ruptura da ordem social, confirma a validade da lei e, por conseguinte, a própria ordem legal” (2005, p. 58).

É um perigo para os destinos de uma sociedade quando um crime não tem como resposta a punição; pois, a punição é a condição para que todos reconheçam o código civil e penal como dispositivos legais que garantem a proteção e a regulação social. Sem esses dispositivos não podemos falar em democracia. Então, temos um longo caminho pela frente para que possamos dizer que vivemos, efetivamente, a democracia no Estado de Alagoas. Comecemos fazendo justiça no Caso de Ceci Cunha; mas, paralelo a esse, vamos buscar fazer justiça aos milhares de assassinatos que estão absolutamente impunes em nosso Estado. Esse é um desafio inadiável!

domingo, 11 de dezembro de 2011

A nova investida "Diaglóbica"


A podre e imunda Rede Globo está lançando um evento com cantores gospel que será televisionado ao Brasil inteiro. Muitos estão dizendo: "Aleluia! Deus está operando na Globo". Mas o fato é puramente comercial e enganador. É uma forma de ganhar o público evangélico, para:

a) Não sei se vocês estão percebendo, mas a Som Livre (que pertence ao grupo Globo) está produzindo CD's de cantores gospel. Qual o interesse? Pela ética cristã, não podemos adquirir CD's piratas. Embora tenha muitos evangélicos que não seguem essa ética, mas a maioria compra CD's originais. Assim, o lucro obtido é exorbitante para a indústria sonográfica hodierna (que tem tido prejuízos dantescos por causa da pirataria). Em resumo: INTERESSE COMERCIAL;

b) A Rede Globo ganha a confiança dos "evangélicos gospel modinhas" para continuar a lançar sua podre filosofia e estilos de vida, embasados no Espiritismo Kardecista e na filosofia humanista. Desta feita, ganha espaço suficiente para adentrar às igrejas, no intuito de destruí-las. Ao fazer isso, a Rede Globo incorpora a figura do "lobo travestido de cordeiro".

Não condeno os cantores gospel que participarão deste evento; até porque eles estão sendo ingênuas vítimas do real interesse da Globo. Ingenuamente, pensam "ser uma oportunidade ímpar de falar de Jesus a todo Brasil" - muito embora, infelizmente, alguns participarão no interesse (não declarado) de alavancar ainda mais suas carreiras.


Meus irmãos, muito cuidado com essa investida diabólica (ou melhor, diaglóbica). Estejam vigilantes! NADA, ABSOLUTAMENTE NADA QUE VENHA DA REDE GLOBO PODE SER VISTO COM BONS OLHOS.

sexta-feira, 9 de dezembro de 2011

Sobre a laicidade do Estado.


Dou graças ao Pai que o nosso país é laico. Quando me perguntam se eu gostaria que a política brasileira fosse embasada nos princípios cristãos, muitos se chocam quando respondo NÃO. Muitos pensam que eu não creio que os princípios cristãos sejam bons à humanidade. Mas a questão não é essa.

Ao responder negativamente, baseio-me na seguinte premissa: "O livre arbítrio é um dom de Deus; e estabelecer uma 'religião oficial' a um país - mesmo que seja a cristã - é ir de encontro ao livre-arbítrio, e, portanto, um desrespeito à Sua vontade (que é boa, perfeita e agradável)".

Entrementes, creio ser a laicidade a melhor opção.