segunda-feira, 14 de novembro de 2016

O Medo e o Ambiente de Trabalho



Certo de como as coisas acontecem, proferiu, uma vez mais, as mesmas palavras:  
-“O medo é inimigo da inovação!”
Tal desaforo não sairia barato, pois tinha plena convicção de que a cultura coronelista, de cabresto, que estava arraigada à alma da empresa a qual era empregado, não suportava tal afronta.
Mas a sua intenção era esta mesmo: impactar! Ele precisava mostrar à alta direção da empresa, não apenas com palavras, mas sim com atitudes, que a geração atual é mais antenada aos seus direitos e deveres.

Suas palavras soaram como um sino altissonante aos ouvidos de seus superiores. Ninguém nunca lhes afrontara daquele jeito. Afinal, eles estavam acostumados a lidar com “gado” e não com Seres críticos. A demissão seria a atitude mais pedagógica aos olhos de seus chefes, afinal, serviria de exemplo aos demais – aumentando ainda mais o sentimento e comportamento bovino!
Mas será mesmo que foi a melhor atitude a ser tomada pela alta cúpula? É interessante a cultura do medo? Quem se atreve a inovar num ambiente deste?

Com isso, a empresa só fazia mais do mesmo... seu único setor voltado à criação tinha a obrigação de inovar – e não a liberdade! Sobrepeso é o que carregavam em seus ombros, cabeças, e até mesmo na região abdominal; afinal, tamanha ansiedade estava sendo dirimida com guloseimas, prejudicando assim a saúde dos colaboradores deste setor.

Enfim, um ambiente hostil.

A alta cúpula precisa entender que o mercado financeiro está voltado para a nova geração, e esta não está adestrada para prisões metodológicas, filosóficas, religiosas, processuais, enfim, nada que envolva pensar demais. Claro que para toda regra existe exceção. Porém, não é de exceção que o mercado vive; precisa estar voltado às massas, afinal, são eles os detentores do desejo consumista, e não os críticos, chatos, que não sabem viver, não gozam dos privilégios e status que os objetos vendáveis podem proporcionar.

O mercado precisa de seres carnais e não espirituais! O belo é palpável, não mais admirável; para valer à pena, faz-se necessário prová-lo de alguma maneira, pois, contemplação não figura mais como meio de destilar prazer.

De fato, ainda há a compreensão de que sejam necessárias regras para qualquer tipo de Organização, entretanto, doses cavalais eliminam o prazer de trabalhar, tornando o ambiente conservador para uma geração progressista, despreparada em se relacionar com o diferente.

Líderes empresariais, é preciso acordar! Inda é hora, caso queira sobreviver a um mundo mutável – não entro no mérito da mudança; se boa ou ruim, vossas subjetividades julgarão.


P.S.: Não concordo com as mudanças no seio religioso. Afinal, as ideias religiosas são guiadas por dogmas e, como tais, não estão abertas às mudanças sociais. Quem aceita seguir uma religião deve tornar-se um guardião de seus dogmas, e não um agente transformador. Afinal, os dogmas estão acima de qualquer interesse ou interpretação pessoal.