quarta-feira, 26 de outubro de 2011

11 RAZÕES PARA ACABAR COM O ENTRETENIMENTO NO CULTO

Por: Alan Caprilles

Tais apresentações não passam de show, com verniz de santidade e capa de religiosidade.

Sei que o entretenimento está tão enraizado na cultura evangélica, que parecerá um absurdo a tese que defendo. Mas, além de não estar sozinho na luta contra o "culto show", estou ainda muito bem acompanhado, por pastores renomados, como Charles Haddon Spurgeon, que no século XIX já havia escrito sobre este perigo, alertando que o fermento diabólico do entretenimento acabaria levedando toda a massa em curto espaço de tempo. E é neste estado de lastimável fermentação que se encontra a massa evangélica atual.

Hoje em dia é quase impossível que uma igreja não tenha conjuntos musicais, ou corais, ou grupos de coreografia, ou cantores para se apresentar durante o culto e nos eventos por ela realizados. Na maioria das igrejas o período de culto é tomado deste tipo de apresentações, com a desculpa de que "é pra Jesus". Mas, quando analisamos racionalmente, e a luz das Escrituras, a verdade é que tais apresentações não passam de entretenimento, com verniz de santidade e capa de religiosidade.

Que ninguém fique ofendido. Eu mesmo gostaria que alguém houvesse me alertado disso na época em que eu, cegamente, gastava horas com ensaios de conjuntos e de peças teatrais. E eu me convencia de que isto era a obra de Deus.

Mas, no fundo de meu coração, eu sabia que havia algo de errado, que não era nisto que Jesus esperava que seus discípulos se focassem, ou se esforçassem. Como ninguém me despertou, busquei a Deus em oração e o próprio Espírito Santo, por meio das Escrituras, convenceu-me do meu erro.

Desde então, tenho meditado tão seriamente a respeito disto, que encontrei mais de dez razões para eliminar por completo o entretenimento dos cultos na igreja que pastoreio. E já o fizemos! Substituimos o tempo que antes gastávamos com ensaios entre quatro paredes, pelo evangelismo bíblico na comunidade e pela oração nos lares. E, quanto às apresentações nos cultos...Sinceramente, não estão fazendo a menor falta.

Mas, vejamos porque o entretenimento deve ser eliminado dos cultos que realizamos ao Senhor:

1 - O Senhor nunca ordenou entreter as pessoas
Esta já seria uma razão suficiente, que dispensaria os demais argumentos. O problema é que raramente se encontra hoje uma igreja que queira ser bíblica, composta por membros que só desejem cumprir a vontade de Deus, expressa em sua Palavra. Assim sendo, talvez seja necessário ainda os argumentos a seguir.

2 - Entretenimento não atrai ovelhas
Chamemos de ovelhas aqueles que realmente amam a Jesus, que reconhecem a voz do Senhor e o seguem (Jo 10:27). No entanto, a divulgação de apresentações na igreja dificilmente atrairá pessoas interessadas em Deus. Certamente será um atrativo para as que gostam de uma distração gratuita. Mas, podemos chamar a estas pessoas de ovelhas, ou não há uma grande chance de serem bodes? (Mt 25:32-33)

3 - Entretenimento afasta as ovelhas
As verdadeiras ovelhas não se satisfazem com apresentações durante o culto. Elas querem oração e palavra, edificação e unção. Uma ovelha de Cristo não procura emoções, mas a Verdade, para que se mantenha firme no caminho da vida eterna (Jo 6:67). Quanto mais o pastor encher o culto com apresentações, mais rápido as ovelhas sairão em busca de uma verdadeira igreja, que priorize a oração e a palavra de Deus. Aos poucos, a "igreja-teatro" deixará de ter ovelhas para estar ainda mais cheia, porém de bodes, que gostam de uma boa distração. E, infelizmente, o que muitos pastores buscam hoje é quantidade, o crescimento a qualquer custo. E, com este fermento, a massa realmente cresce...

4 - Entretenimento reduz o tempo de oração e palavra
O tempo de culto já é muito limitado, chegando a no máximo duas horas. Quando se dá oportunidade para apresentações, o tempo que deveria ser usado para se fazer orações e se pregar a palavra de Deus torna-se curtíssimo. Em algumas igrejas não chega nem a trinta minutos! Como desenvolver uma mensagem expositiva em tão curto espaço de tempo?

5 - Entretenimento confunde os visitantes
Os visitantes concluem que a igreja existe em função disto: conjuntos, corais, coreografias, peças teatrais, ou qualquer outro tipo de apresentação que torne o culto um show. E eles passam a frequentar os cultos com esta expectativa, esperando pelo próximo espetáculo.

6 - Entretenimento ilude os membros
Os membros pensam que estão servindo a Deus com suas apresentações. Desta forma, sua consciência fica cauterizada para atender aos chamados para a escola bíblica, para o evangelismo e para socorrer os carentes. Afinal de contas, ele pensa que seu chamado é para as artes, e não para serviços que não lhe colocam debaixo dos holofotes (que, aliás, são muito comuns nas igrejas hoje em dia).

7 - Entretenimento é um desgaste desnecessário
Quanto esforço é despendido para que tudo saia perfeito! Uma energia que é gasta naquilo que o Senhor nunca mandou fazer! Será que ainda sobram forças para se fazer o que realmente o Senhor manda? (Lc 6:46)

8 - Entretenimento coloca os carnais em destaque
Pessoas que raramente aparecem nos cultos de oração e estudo bíblico, e que nunca comparecem ao evangelismo, geralmente são as mesmas que gostam de aparecer cantando, dançando ou representando nos cultos mais cheios. A questão é: Por que dar destaque justamente para estes membros carnais?

9 - Entretenimento promove disputas
Disputas entre membros, entre conjuntos e até entre igrejas. Quem canta melhor? Quem dança melhor? Que conjunto tem o uniforme mais bonito? Quem recebeu mais oportunidade? Quanta medíocre carnalidade... (1 Co 3:3; Tg 4:1)

10 - Entretenimento alimenta o ego
O entretenimento não gera fé, mas fortalece o ego dos que amam os aplausos e elogios. Apesar de sua roupagem "gospel", o fermento dos fariseus continua tão venenoso quanto nos dias de Jesus (Mt 23:5-6; Lc 12:1)

11 - Entretenimento é um desperdício de tempo
Se o mesmo tempo que as igrejas gastam com ensaios e apresentações fosse utilizado com oração e evangelismo, este mundo já teria sido alcançado para o Senhor! (Ef 5:15-17)

12 - Entretenimento não é fazer a obra de Deus
A desculpa para o entretenimento é que este seria uma forma de atrair as pessoas. Mas a questão novamente é: que tipo de pessoas? Se entretenimento fosse uma boa alternativa, não teria a igreja apostólica usado de entretenimento para atrair as multidões? No entanto, ela simplesmente pregava o evangelho, porque sabia que nele há poder. O evangelho "é o poder de Deus para a salvação de todo aquele que crê" (Rm 1:16). Mas o entretenimento... O entretenimento é a artimanha do homem para a perdição de todo aquele que duvida.

Quero concluir com uma palavra aos pastores. De pastor, para pastor. Amado colega de ministério, não duvide do poder do evangelho para atrair e converter as pessoas. Não queira encher sua igreja com atividades vazias e atraentes ao mundo, mas que não tem o poder do Espírito Santo para converter vidas. Tenha coragem e limpe sua congregação desta imundície egocêntrica. Talvez com isto você perderá alguns membros, mas não perderá ovelhas, somente bodes. Tenha fé em Deus e confie no modelo bíblico para encher a igreja, que é a oração, o bom testemunho e a pregação ousada do genuíno evangelho de Cristo. Lembre-se que "enquanto os homens procuram melhores métodos, Deus procura melhores homens."

domingo, 23 de outubro de 2011

Vamos falar em milagres

É isso mesmo: Milagres! Este tema tornou-se tão melindroso entre as igrejas evangélicas sérias¹, que muitas preferem, sequer, citar o nome MILAGRE. Isso para não correr o risco de se parecer com as falsas igrejas² evangélicas que tem surgido “à rodo”, com o intuito de ludibriar a muitos, prometendo milagres e mais milagres, como se eles fossem os provedores dos milagres e não o nosso Deus. Quando vejo estes que se auto-intitulam “pastores, bispos e apóstolos” se sentido importantes por estarem realizando milagres (diga-se de passagem: falsos milagres), só me lembro
do episódio em que o próprio Cristo diz: “Nem todo o que me diz: Senhor,Senhor! entrará no reino dos céus, mas aquele que faz a vontade de meu Pai, que está nos céus. Muitos me dirão naquele dia: Senhor, Senhor, não profetizamos nós em teu nome? e em teu nome não expulsamos demônios? E em teu nome não fizemos muitos milagres? Então lhes direi claramente: Nunca vos conheci; apartai-vos de mim, vós que praticais a iniquidade” (Mateus 7. 21 a 23). Devemos ter em mente que os mesmos milagres que existiam no passado podem acontecer hoje. Basta termos o interesse de sermos cheios do Espírito Santo. Mas não um “interesse interesseiro”, ou seja, de querer ser cheio do Espírito só para realizar milagres. Não! Devemos almejar ser cheios do Espírito para chegarmos à estatura de Cristo, que implica em:a) amar a Deus acima de todas as coisas, e ao próximo de todo o coração; b) ter uma fé capaz de remover montanhas; c) amar os nossos inimigos; d) viver em Espírito e não pela carne; e) sentir verdadeiro prazer em realizar a obra de Cristo; f) ter compaixão pelas almas perdidas; g) exalar alegria e etc.

Quando atingirmos este nível, então Deus realizará milagres por meio de nós, naturalmente. Afinal de contas, Ele mesmo nos disse: “Em verdade, em verdade vos digo: Aquele que crê em mim, esse também fará as obras que eu faço, e as fará maiores do que estas” (João 14.12).



1. Batistas (poucas da CBB, Regular e Fundamentalista), Presbiteriana, Luterana, Anglicana, Metodista e Congregacional.

2. Refiro-me a Universal do Reino de Deus, Mundial do Poder de Deus, Internacional da Graça de Deus, Evangelho Quadrangular, Deus é Amor, e a 99,99% das Neo-pentecostais que tem surgido. Sem contar as seitas: Adventistas, Testemunha de Jeová, Mórmons, etc.

sábado, 15 de outubro de 2011

Conselhos

"Se conselho fosse bom, ninguém daria de graça” - É assim que pensa o mundo. Na verdade aconselhar é algo de muita responsabilidade: você transfere ao outro a sua visão de mundo. Sabemos que por conta da nossa individualidade,temos uma visão de mundo própria. Essa visão de mundo nunca é completa,óbvio, porque não temos a onisciência de Deus. No entanto, quando aconselhamos, achamos que dizemos a coisa certa na hora certa.

Viver um problema e não saber o que fazer diante dele não significa necessariamente falta de sabedoria. Costumo dizer que a vida é como um jogo de futebol: “Quem tá jogando, tá sentindo a pressão, o clima, e as dificuldades do jogo. Mas quem tá do lado de fora, nas arquibancadas, está tranquilo, vendo as brechas e possíveis soluções para se ganhar o jogo”. E quando estamos passando por algum problema não é diferente, pois estamos sentindo a pressão, o clima, e as dificuldades do problema. Mas nosso(a) amigo(a) está apenas como espectador, vendo as brechas e as soluções. Por isso pedir conselho é algo muito importante e pode fazer toda a diferença.

O problema então passa a ser outro: a quem pedir conselhos? Em tese, o povo de Deus era pra ser o mais bem preparado do mundo para se dar conselhos. Afinal de contas, tem conhecimento a respeito de Deus, e conhece muito bem a Sua palavra. Mas não é isso que temos visto. Até porque ainda há um outro problema em cima desse: “muitos são chamados, mas poucos escolhidos”; "o joio cresce junto com o trigo”; e “nem todos que dizem Senhor, Senhor entrarão no
Reino de Deus”
. Ou seja: Nem todos que vão às igrejas são considerados filhos de Deus e por isso mesmo não podem ser considerados aptos a serem conselheiros. Mas ainda não para por aí, pode piorar: Cristo nos deu a dica para que conhecêssemos os bons conselheiros: “pelos frutos os conhecereis”. Mesmo assim nem todos são aptos a identificarem esses frutos (embora Ele nos cite um a um para não restar dúvidas: “... o amor, a alegria, a paz, a paciência, a delicadeza, a bondade, a fidelidade, a humildade e o domínio próprio” (Gal. 5. 22 e 23)). E Tem mais um problema. Aliás, dois: (1) O que pode ser amor ou bondade (por exemplo) para uns, não pode ser para outros; e (2) quando um verdadeiro filho de Deus se ira (IRA=FALTA DE AMOR), quer dizer então que ele não seja verdadeiramente filho de Deus?

É um problema atrás do outro. Uma verdadeira panaceia! Por isso mesmo que precisamos, mais do que nunca, pedir conselhos à fonte: A leitura da Bíblia, com a orientação do Espírito Santo (que não é um espírito incompetente, nem inerte, mas que age em nós e, embora seja invisível, é mais real do que tudo que os nossos olhos possam ver!).

domingo, 9 de outubro de 2011

A Vaidade.

Vejo vaidade em todos os lugares, inclusive na obra de Deus. Muitos pastores acham que tem um chamado, onde na verdade escutam o chamado do status almejado. Gostam de sentir o poder sobre outras pessoas, de poder interferir na vida de outros através de suas falsas mensagens. O que temos visto é uma invasão de pastores, bispos, apóstolos e reverendos na mídia, todos buscando agradar e atrair as pessoas para si, e não para Deus. Dizem o que as pessoas querem ouvir, mas não dizem o que as pessoas precisam ouvir. Eles não se importam no que Deus pensam deles, e confundem a aceitação das pessoas como sendo fruto da bênção de Deus em seus “ministérios”. A verdade é que o coração do homem é enganoso, eles crêem naquilo que querem crer, e não Naquele que precisam crer.

Mas a vaidade não se restringe apenas aos “pastores midiáticos”, como também àqueles que não almejam que o evangelho cresça se não for pelo seu ministério, na sua igreja. Egocêntricos!Estes são mais propensos a fazer do evangelho um parque de diversões, onde oferecem de tudo que agrade as pessoas, com todo tipo de movimento lúdico (festas gospel, danças extravagantes, jogos e etc.). Outros – mais simples, porém não menos vaidosos – ostentam suas soberbas através de suas mensagens. Preocupam-se mais em “vomitar” seus conhecimentos científicos à respeito da vida, a dizer simplesmente o que a bíblia diz. Para esses a bíblia não é suficiente. Não levam à sério um dos princípios da reforma protestante que diz: “Sola Scriptura" (Somente a Escritura). Numa única mensagem, dão muita ênfase ao que dizem os grandes nomes da Filosofia, Sociologia, Psicologia, Literatura e etc. Almejam serem vistos como intelectuais e não simplesmente como servos do Deus Altíssimo. Não levam à sério a recomendação de Cristo quando diz: “Aquele que quiser ser o primeiro, que seja o último”.

João Alexandre, um dos mais renomados da música cristã, resume tudo isso em uma de suas canções, intitulada “Vaidade”:

“Vaidade no comprimento da saia, no cumprimento da lei. Vaidade exigindo prosperidade por ser o filho do Rei. Vaidade se achando a igreja da história: vaidade pentecostal. (...) Vaidade juntando a fé e a vergonha, chamando todos de irmãos. Vaidade de quem esconde a verdade por ter o povo nas mãos. Vaidade buscando Deus em si mesmo, querendo fugir da cruz. (...) Os falsos chamados apostolados do lado oposto da fé. Dinheiro, saúde, felicidade, aquele que tem, contra aquele que é. Rádios, TV's, auditórios lotados, ouvindo o “evangelho da marcha ré”. A morte se esconde atrás dos templos, tudo é vaidade!”

sábado, 8 de outubro de 2011

Sobre a Ilusão.

A ilusão não apenas faz parte da vida, como é a força motriz dela. Caçamos a ilusão em todas as esquinas; tudo nos vira motivo de nos iludirmos. Construímos uma imagem lúdica de nós mesmos que nos dão força para “seguirmos em frente” na estrada da vida. A ilusão bloqueia nossa capacidade de autoavaliação; aliás, podemos até dar nomes às nossas falhas, mas a ilusão faz-nos crer que nossas qualidades as superam.
A ilusão nos faz fugir da realidade daquilo que somos, de nossas incapacidades, assim como do mundo – que mais parece um campo de batalha. Procuramos meios de fugir desta selva de pedra; a desesperança perante a vida faz-nos apegar a tudo aquilo que nos dar prazer. É um meio de fuga. Se pararmos para analisar, veremos que o mundo nos oferece a doença, mas ao mesmo tempo nos apresenta o remédio. Ou melhor, o pseudo-remédio. A indústria do entretenimento e da pornografia, assim como o consumo, são os antídotos oferecidos que amenizam a dor de viver neste mundo. As artes de um modo geral, nos faz esquecer dos mundos externo e interno. O filme, por exemplo, faz-nos entrar em outras realidades e temporariamente (enquanto durar o filme) esquecer o nosso. Num mundo consumista como o nosso, a nossa capacidade de consumir interfere diretamente em nosso estado de felicidade. Não permitir que a nossa capacidade ou incapacidade de consumo dite o nosso estado de felicidade, é ir de encontro com a ilusão.
Ao dizer que a ilusão é a força motriz da vida, dizemo-la capaz de fazer com que não reconheçamos nossa incapacidade de aprender algo ou mesmo de pertencer a um certo meio. Isso gera um conforto sobrenatural que nos faz procurar a diferença. A ilusão tem esse poder: de ludibriar-nos a fazer com que busquemos caminhos diferentes, achando que coisas diferentes nos acontecerão. Pensamos: “precisamos ser diferentes, fazer coisas diferentes, para que coisas diferentes aconteçam em nossas vidas”. É um pensamento que, embora tenha um fundo de verdade, não passa de estratégia da ilusão para nos fazer seguir em frente.
Há quem olhe a ilusão como algo maléfico, destrutivo. Mas quem poderia me dizer que seria capaz de lançar um olhar profundo de si mesmo e permanecer inerte, sem choque algum? Ao lançarmos este olhar de nós mesmos, de pronto a desilusão toma-nos conta. É para combater a desilusão que buscamos, desenfreadamente, toda forma que nos proporcione prazer, e que, por usa vez, nos façam esquecer de olhar pra nós mesmos.
O mundo tenta, através de suas nomenclaturas, pôr a depressão como categoria de doença. Mas eu diria que deprimidos são todos aqueles que um dia tiveram a ousadia de olhar para si mesmos, e de reconhecer que seus defeitos superam suas qualidades. A verdade nua e crua fez com que colidissem com a ilusão e, para estes, a ilusão não tem poder.
Uma outra estratégia da ilusão é fazer com que creiamos no nosso próprio ponto de vista. Mas como bem sabemos, a vida é muito mais aquilo que os nossos olhos podem ver. A própria História e Sociologia, lançam um olhar parcial para um determinado fato histórico-social. O olhar vai de acordo com as inquietações do pesquisador. Por isso, a incapacidade humana de saber interpretar o fato em sua completude. A visão holística não passa de uma ilusão; uma tentativa frustrada de pôr o humano no mesmo patamar de Deus, ou mesmo uma negação ou superação do Ser Divino.
Vivo no mundo desiludido, ou seja, sei o fiasco que sou. Quando olho para o meu passado, vejo alguém que tentava, a todo custo, ser alguém que realmente nuca fui. E não adianta, nesta altura da vida, culpar os meios os quais fui inserido. Sei do poder de influência do meio, mas sei que seu poder não é total. Aliás, diga-se de passagem, duas observações merecem atenção: a primeira é que a ilusão recebe o codinome de autoestima; e a segunda é que nunca deve-se confundir a ilusão com a quimera, pois a primeira é atingível, enquanto que a segunda é inatingível.
Não serei um janízaro da desilusão. Guardo-a para mim. Embora saiba que a ilusão não é imanentemente saudável, sei que o poder da desilusão deixa inerte àqueles que dela se apoderam. Por isso, não me dou ao direito de tirar de ninguém a sua ilusão; deixo-o seguir em frente. Afinal de contas, estou cônscio de que nunca poderei mudar o curso do mundo.