sexta-feira, 26 de março de 2010

A construção do presente.


Hoje pela madrugada assisti parte do filme "A Grande Ilusão", estrelados por grandes nomes do cinema mundial, tais como Sean Penn, Anthony Hopkins e Jude Law. Numa das cenas, Jack (Jude Law) fala para uma outra personagem - que não me recordo o nome, no momento - uma das frases mais memoráveis que pude presenciar nos cinemas: "Afinal de contas, nosso presente é reflexo de nosso passado". Tal simplicidade e obviedade da frase poderia ter passado desapercebido por mim, mas por uma razão ou outra não passou, permanecendo vivo em minha memória.
Pois bem, trata-se, ou não, de uma verdade? Ao nos analisarmos iremos deparar com uma realidade que muitas vezes não queremos lembrar ou, ao nos lembrarmos, nos arrepiamos, tamanha a vergonha e arrependimento que sentimos com fatos do passado. Esta realidade vivenciada no passado, com certeza fez e ainda faz parte do que nos constitui, no que tange à personalidade e caráter. Nossa constituição psíquica carrega muito do que sentimos ou vivenciamos no passado. Hoje, estamos diante de um EU que muitas vezes não gostaríamos que fosse constituído assim.
Ao olharmos de uma perspectiva mais macro, iremos ver que este mesmo pensamento proferido por Jack se aplica às atuais situações sócio-econômicas, políticas e culturais de uma nação. Como exemplo pensamos no nosso Brasil que, marcado pelo passado de escravidão e exploração de matéria-prima, de governos paternalistas e sobretudo pela forma política coronelista, fez com que hoje fôssemos uma nação e um povo que não gostaríamos que fôssemos.
Do ponto de vista pessoal, com muita honestidade, iremos concluir que hoje não somos realmente aquilo que gostaríamos. Escondido em nosso passado sempre há algo (atitude ou sentimento) que nos arrependemos bastante. Sem nossa consciência se dar conta, tais atos ou sentimentos ajudaram a construir o que somos hoje.
Para a correção de nosso EU contemporâneo não podemos fazer mais nada. O que foi feito já foi feito! Basta apenas aceitar e lamentar o que somos. A única coisa que podemos fazer, hoje, é nos lembrarmos que nosso EU de agora representa o nosso EU do amanhã; por isso mesmo, devemos cuidar para que, no futuro, não nos arrependamos de ser algo que poderia ser mudado hoje. Para fechar com chave de ouro, finalizo com a Palavra do próprio Deus - autor da vida e da História - e também com a certeza que não foi a toa que o Espírito Santo de Deus, através do autor da carta aos Hebreus, nos disse a grande verdade: "E, na verdade, toda correção, ao presente, não parece ser de gozo, senão de tristeza, mas depois produz um fruto pacífico de justiça nos exercitados por ela".. Vale à pena nos corrigirmos hoje, para não sermos piores amanhã.

domingo, 21 de março de 2010

Apenas um deslize...


Hoje a noite me bateu uma vontade louca, enorme de comer um sanduíche. Estou de dieta há três semanas e estou fazendo atividade física todos os dias (de segunda a sábado). Foi um deslize, é verdade, mas ele não vai me dizer o tamanho de minha força de vontade; o que vai me dizer mesmo é a capacidade de dar a volta por cima. Estou disposto a continuar.

Esse simples fato do mundo físico me fez analogar com o mundo espiritual. Estou certo de que uma vida impecável - enquanto vida tivermos - não existe. Mas a capacidade de dar a volta por cima, tentando a perfeição, vai dizer, e muito, da nossa capacidade espiritual. Tal capacidade advém da crença de que "as misericórdias do Senhor são a causa de não sermos consumidos, porque as suas misericórdias não tem fim" (Lm. 3. 22). Esta deve ser a crença que norteia a vida de todo aquele que se diz cristão, pois é um motivo que lhe dá esperança. É bem verdade que meu deslize nutricional poderia ser evitado - e insistentemente minha consciência me acusou do erro prestes a cometer - mas mesmo assim continuei, ciente de meu erro - o que me faz duplamente culpado. E o que ganhei com isso? Uma consciência pesada, e o desgosto comigo mesmo. Quando o verdadeiro cristão peca, o efeito é o mesmo em nossa consciência; isso desde que não haja um anestesiamento de uma vida pecaminosa. Desta vez não é nossa consciência que nos acusa do erro, mas sim o Espírito Santo de Deus - Ele não é um Ser inanimado, ou simplesmente um vento, sopro de vida (como apregoa a seita adventista). Ele age em nós e por nós, sempre nos orientando a vencer os inúmeros obstáculos em nosso dia-a-dia. Ultimamente tenho sentido que, da maneira mais natural possível, estou vencendo pecados que antes julgava ser totalmente incapaz de vencê-los - pois vergonhosamente confesso que já estava totalmente entregue a esse pecado. Mas tenho vencido, e não me sinto tentado a cometê-los como antes. O que era algo incontrolável passou a ser algo totalmente domável; sinto isso. Que bom, me sinto em paz!

quinta-feira, 11 de março de 2010

Poder Para Mudar


Há poucos minutos recebi de um amigo um e-mail mostrando que o poder de mudar está em nós. Em parte é verdade! Não temos o poder de mudá-lo por completo, pois não somos semi-deuses. Mas também não podemos ignorar o fato de que o livre-arbítrio não nos dá apenas o poder de mudar nossa vida espiritual. Cabe ao livre-arbítrio, também, a escolha de construir caminhos decisivos, ou não, de nossas vidas. Cabe-nos a inércia ou a ação; o mal ou o bem; o silêncio ou a fala; a temperança ou o ímpeto, etc. Temos a desastrosa tendência de atribuir nossas derrotas ao(s) fato(res) que (onde) estamos vivenciando (inseridos). Basta lembrarmos do episódio de quando o pecado entrou no mundo: arguido sobre o fato de ter comido o fruto da árvore do conhecimento do bem e do mal, Adão atribui sua derrota a Eva; da mesma forma, Eva atribui a serpente.

Para nos eximirmos de culpa, em pouquíssimos minutos nos transformamos em sociólogos, psicanalistas, cientistas políticos e etc., para provar que a culpa não é nossa, mas do "Sistema". Interpretamos (ou burlamos) os fatos e nossas emoções num piscar de olhos, tudo para não sermos reconhecidos nas derrotas. A máxima Socrática: conhece-te a ti mesmo serviria muito bem para que tivéssemos uma vivência mais honesta conosco e com quem nos cerca!

A verdade é que existe, sim, um parcial determinismo dos aspectos culturais, sociais, econômicos em nossas vidas, que nos limita, muitas vezes, de atingirmos nossos objetivos. Mas não se trata de alguma Jaula de Ferro - parafraseando Max Weber - que detém o poder absoluto de nossos rumos.
Dentro de nós há uma reserva de poder que nos impulsiona a mudar nosso status quo. Esse poder está intimamente ligado a nossa ESTIMA. Por isso mesmo, que se faz preciso mantê-la sempre em alta. Não olhar para as circunstâncias é uma dica bastante importante para isso. Transformar as derrotas em experiências é outra dica significativa. Se olharmos bem, nossa estima é o motor propulsor de nossas vidas; é o que de mais valioso temos! Precisamos construir verdadeiros "exércitos subjetivos" que estejam sempre vigilantes no intuito de não deixar que o(s) inimigo(s) a esgarce.

Certa vez um pensamento bastante óbvio me veio à mente: "A vida é ação, e não inércia". Não quero cometer o erro intelectual de dizer que tal aforia seja de minha autoria; mas também confesso não me lembrar de onde e quando me deparei com tal assertiva. Enfim, isso não é o importante. O fato é que ela é carregada de uma verdade estratosférica. Para cada ação existe uma reação, e isso não vale somente no campo físico; no campo subjetivo também é verídico. O que temos feito para mudar nosso status quo? É preciso agir o mais rápido possível e mostrar a nós e ao mundo que nos cerca que vencemos! Cá pra nós: sabemos que uma vitória diante do público que nos cerca torna-se mais gloriosa - para os que estão ao nosso lado, e para os que torcem contra nós!
Mas para que isso aconteça é preciso AÇÃO!

terça-feira, 9 de março de 2010

Quando a Esperança Falha.


Não é nada engraçado a sensação quando se recebe uma notícia negativa sobre algo que você esperava há muito, muito tempo. Uma tristeza muito grande; olha-se para os lados e não se vê solução alguma. E agora? Como se safar? Apelando para o Altíssimo, pois Ele tem cuidado de nós!
Enquanto houver vida, há esperança.

sábado, 6 de março de 2010

Ouvir ou não?


No meio evangélico, muito já se discutiu se o simples fato de ouvir música secular caracteriza-se como pecado ou não. Até pouco tempo atrás, não tinha uma opinião formada à respeito - até porque não estava disposto a me entreter sobre. Mas o fato é: ouvir ou não? A única opinião que carrego, diz respeito à experiência própria. Confesso a todos que não tenho nenhum referencial teórico sobre o assunto - muito embora, Ricardo Gondim, em seu livro intitulado É Proibido, pincele alguma coisa sobre o assunto.
Ouvir música secular, para mim, produz um efeito espiritual não muito bom. Não sei se é porque já está introjetado em mim a ideia de que "o que não é para Deus não voga" - fruto de meu ascetismo religioso -, ou se ela contém algum poder subliminar que afasta de mim o gosto pela oração e pela leitura bíblica. Conheço alguns irmãos na fé, e até mesmo pastores, que ouvem sem o menor peso na consciência. Para mim pesa, confesso. Por isso mesmo que decidi deixar, neste ano (2010), de ouvir tais músicas. Percebo que tomei uma atitude inteligente! Depois de uma autoanálise, percebi que não estava sendo bom para minha vida espiritual e, consequentemente, para as demais esferas de minha vida. Ariadini, minha noiva, disse-me que, quando ouvia, ficava com um comportamento mais agressivo, tornando-me mais impaciente. No passado, ainda adolescente, ficava com a auto-estima bem pra baixo. Não diria depressão, mas era quase isso.
Para substituí-los, enchi o cartão de memória do som de meu fusquinha só com canções evangélicas. Assim minha consciência não pesa e sinto-me em paz.
Há quem diga que isso seja fruto de minha ignorância. Mas quer saber? Que seja! O importante é que estou bem espiritualmente, e ouvir o que outros têm a dizer sobre minha suposta ignorância não irá me acrescentar, em nada, na vida espiritual.
É como se um ateu deixasse o ateísmo e se convertesse ao evangelho. Outros ateus iriam rechaçá-lo, mas seus argumentos não iriam trazer paz ao seu coração. É assim que me sinto hoje. Não quero uma fé tão intelectualizada ao ponto de haver espaço para o relativismo. Defendo, sim, que haja espaço para o entendimento, até porque Deus quer de nós um louvor completo (de mente e coração). Mas tal relativismo religioso, compara-se à lógica epicurista nos tempos de Aristóteles.

Pois bem, ouvir ou não ouvir? Prefiro não ouvir, nunca mais! Essa é minha experiência com a música secular!

sexta-feira, 5 de março de 2010

Sobre a Solidão.


Tudo fica mais susceptível quando estamos sós. Nosso mundo torna-se mais frágil, nossas emoções ficam mais à flor da pele; caímos em muitas ciladas, ciladas estas criadas e alimentadas pelas nossas próprias emoções. Ficamos sem condições de pensar nos momentos críticos da vida, e assim nos tornamos confusos.
Solidão demais tem seu preço, e não há subterfúgios que possam substituí-lo, ou ao menos amenizá-lo. O Ser humano é um Ser social e, por isso mesmo, não tem condições de ficar só por muito tempo. Quando me refiro a "ficar só" não é ao "só" propriamente dito, ou seja, ao estado de não ter ninguém por perto. Há a possibilidade de nos sentirmos sós no meio de pessoas próximas. Isto se dá quando não há uma conexão afetiva, de pensamentos e de humor entre nós e os nossos próximos. É por isso que se faz necessário saber escolher as amizades. E para isso, não apenas basta a sabedoria - que serve, dentre muitas coisas, para filtrar os candidatos a amigos -, faze-se necessário, também, o fator sorte. Seria mais cômodo se tivéssemos a sorte de acharmos no lugar certo e na hora certa, pois assim teríamos nossa necessidade de amizades sendo suprida mais rapidamente; mas nem sempre o lugar certo e a hora certa nos oferece os candidatos mais apropriados. Nestas horas, a sabedoria tem também a função de não fazermos sair por aí, à tôa, procurando em qualquer lugar; é preciso manter o equilíbrio, mesmo que a força da solidão nos impulsione ao erro. É bem difícil, é verdade, pois ficamos mais expostos quando nos achamos sós. Mas não é impossível.
Um dos erros mais graves cometidos por um recém-solitário disposto a se libertar desta condição, é se satisfazer, o mais rápido possível, de outros amigos que conheceu aleatoriamente. O vazio continuará, sem sombra de dúvidas. Esse erro é muito comum entre namorados que rompem o relacionamento e, para não estar só - até porque, nestas horas, a solidão lhe parecerá vergonhosa aos olhos do outro - arranjam qualquer um (ou uns). Isso não é grave, é gravíssimo!
Precisamos ter paciência - a paciência é um dos frutos da sabedoria -, e não tentarmos enganar a solidão preenchendo a lacuna produzida por ela com qualquer outra coisa. Isso seria um auto-engano. O segredo é: Paciência, e só!

quarta-feira, 3 de março de 2010

Manter a Esperança.


Confesso que é muito difícil manter a esperança em meio a tanto niilismo acerca da vida e seu futuro. Tornamo-nos assim porque olhamos as circunstâncias ao nosso derredor. O "bixo homem" é assim! Sempre visível, analista das possibilidades, arrisca-se somente naquilo em que acha ter condições de sair ganhando, pois a derrota lhe é muito custosa - social e emocional. O medo de perder faz com que trilhe caminhos que nem mesmo ele sabe seu destino. Andam perdidos em seus corações, pois têm a maldita tendência de olhar para frente, para os lados, para trás, mas esquecem-se de olhar para o alto. Sim, para o alto! Lembro-me bem de quando fui visitar, junto com o Pr. Marcelo Mateus, o Pr. Rogério Sheidegger, quando este lutava contra o câncer. Na oportunidade, ele pegou uma pequena escultura de uma pirâmide, e disse que "Deus está no topo da pirâmide vendo tudo, enquanto o homem está apenas de um dos lados, não sabendo o que ocorre dos outros lados simultaneamente". Escutar tais palavras valeram não apenas o dia, mas até ao presente momento; e creio que valerá até o dia em que Deus me levar para perto Dele. Confesso que não tenho a capacidade de lembrar de fatos do passado, principalmente fatos-detalhes; mas por alguma razão (ainda desconhecida por mim) mantenho a me lembrar deste episódio. Que bom!
Olhando para o alto, ele morreu mantendo viva dentro de si a esperança. Não olhou para as circunstâncias que, diga-se de passagem, eram nada favoráveis. Isso se deu porque olhou para o alto.

Manter viva a esperança quando as circunstâncias são favoráveis, não há graça alguma. Não há expectativa! E uma vida com expectativas torna-se mais saborosa, graciosa, principalmente quando a vitória chega - um dia tem que chegar! Já se imaginou assistindo um filme tão óbvio, onde possa-se prever seu fim antes de chegá-lo? Os dramaturgos sabem explorar esse lado emocionante da vida. As expectativas, "materializadas" pelos sonhos, nos mantém vivos o tempo todo - seja lá qual for o sonho! Para isso, precisamos olhar para o alto, para Deus; colocar nossos sonhos nas mãos Dele; tirar definitivamente nosso caminho de nossas próprias mãos e entregá-Lo sem querer dividir o senhorio da vida com Ele. Quando Ele toma nosso caminho, o faz de uma forma que não podemos compreender. Podemos até nos enchermos de expectativas sobre o caminho que Ele constrói, ou seja, de como será seu fim; mas não podemos, nunca, expectar se seu fim será bom ou ruim, jamais! Isso nos dá uma segurança muito grande de que o fim do caminho construído por Ele é sempre bom, mas não sabemos especificá-lo - e por não sabermos especificá-lo é que temos o direito de nos enchermos de expectativas.

Neste exato momento estou cheio de expectativas em relação ao meu futuro, mas ao mesmo tempo tranquilo, sabendo que o caminho está sendo construído por Deus; e esse é o segredo para se manter em paz em meio a um mundo tão desesperançoso. É crer que Ele está no controle de tudo. Esperança e fé caminham lado-a-lado; ou melhor, a esperança é a fé, e vice-versa. Pois é impossível falar de um sem falar no outro. Quando entregamos nosso caminho nas mãos Dele e esta-mo-lo trilhando, podemos até pensar, em algum momento, que somos nós os construtores desse caminho, somos tendenciosos a isso, infelizmente. Mas precisamos nos lembrar, sempre, que não temos esse poder - e quanto mais rápido nos lembrarmos, melhor para nós!
Encerro com a canção intitulada "O Tapeceiro", de autoria de João Alexandre, que simplifica esta reflexão. Mas lembre-se: o que leremos a seguir só se consolida na vida de quem já entregou seu caminho nas mãos Dele!

Tapeceiro, grande artista,
vai fazendo seu trabalho;
incansável, paciente no seu tear.

Tapeceiro, não se engana,
sabe o fim desde o começo,
traça voltas, mil desvios sem perder o fio!

Minha vida é obra de tapeçaria,
é tecida de cores alegres e vivas,
que fazem contraste no meio das cores
nubladas e tristes.
Se você olha ao avesso,
Nem imagina o desfecho.
No fim das contas, tudo se explica,
Tudo se encaixa, tudo coopera pro meu bem!

Quando se vê pelo lado certo,
muda-se logo a expressão do rosto;
obra de arte! Para Honra e Glória ao Tapeceiro!