Certo de como as
coisas acontecem, proferiu, uma vez mais, as mesmas palavras:
-“O medo é inimigo da inovação!”
Tal desaforo não
sairia barato, pois tinha plena convicção de que a cultura coronelista, de
cabresto, que estava arraigada à alma da empresa a qual era empregado, não
suportava tal afronta.
Mas a sua
intenção era esta mesmo: impactar! Ele precisava mostrar à alta direção da
empresa, não apenas com palavras, mas sim com atitudes, que a geração atual é
mais antenada aos seus direitos e deveres.
Suas palavras
soaram como um sino altissonante aos ouvidos de seus superiores. Ninguém nunca lhes
afrontara daquele jeito. Afinal, eles estavam acostumados a lidar com “gado” e não com Seres
críticos. A demissão seria a atitude mais pedagógica aos olhos de seus chefes,
afinal, serviria de exemplo aos demais – aumentando ainda mais o sentimento e comportamento bovino!
Mas será mesmo
que foi a melhor atitude a ser tomada pela alta cúpula? É interessante a
cultura do medo? Quem se atreve a inovar num ambiente deste?
Com isso, a empresa
só fazia mais do mesmo... seu único setor voltado à criação tinha a obrigação de inovar – e não a liberdade! Sobrepeso é o que carregavam
em seus ombros, cabeças, e até mesmo na região abdominal; afinal, tamanha
ansiedade estava sendo dirimida com guloseimas, prejudicando assim a saúde dos
colaboradores deste setor.
Enfim, um ambiente
hostil.
A alta cúpula
precisa entender que o mercado financeiro está voltado para a nova geração, e
esta não está adestrada para prisões metodológicas, filosóficas, religiosas,
processuais, enfim, nada que envolva pensar demais. Claro que para toda regra
existe exceção. Porém, não é de exceção que o mercado vive; precisa estar
voltado às massas, afinal, são eles os detentores do desejo consumista, e não
os críticos, chatos, que não sabem viver, não gozam dos privilégios e status que os objetos vendáveis podem
proporcionar.
O mercado
precisa de seres carnais e não espirituais! O belo é palpável, não mais
admirável; para valer à pena, faz-se necessário prová-lo de alguma maneira, pois,
contemplação não figura mais como meio de destilar prazer.
De fato, ainda
há a compreensão de que sejam necessárias regras para qualquer tipo de Organização,
entretanto, doses cavalais eliminam o prazer de trabalhar, tornando o ambiente
conservador para uma geração progressista, despreparada em se relacionar com o
diferente.
Líderes
empresariais, é preciso acordar! Inda é hora, caso queira sobreviver a um mundo
mutável – não entro no mérito da mudança; se boa ou ruim, vossas subjetividades
julgarão.
P.S.: Não concordo com
as mudanças no seio religioso. Afinal, as ideias religiosas são guiadas por
dogmas e, como tais, não estão abertas
às mudanças sociais. Quem aceita seguir uma religião deve tornar-se um guardião
de seus dogmas, e não um agente transformador. Afinal, os dogmas estão acima de
qualquer interesse ou interpretação pessoal.
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