Louvem a
bagunça, pois da desordem da ordem estamos cheios! O caos ordenado ou a ordem
caótica? Não sei em qual delas encaixo meu país. Prefiro viver na ordem ou até mesmo
no caos, pois assim não me desorientaria. A ordem orienta para sua manutenção;
e no caos sabemos onde está o norte.
E onde
estamos, o que sabemos? Se não sabemos sequer onde estamos, onde encontrar o
norte? Quem é o norte? Não me surpreende se buscamos o além, pois o aquém está
perdido.
Perdido na
bagunça que causamos. A bagunça entra em nós, e nós nela! Como escapar disso? Desde
a redemocratização que criamos a ordem desordenada, apoiamo-la fervorosamente. Quiçá
até a adoramos... criamos em torno dela uma espécie de tabu! Achávamos que a
ordem dependia da manutenção deste tabu, coitados!
A nossa ordem
não é a ordem dos “achados”; “perdidos” nada sabem ordenar, muito menos a nós!
Jogaram o futuro do nosso país – o nosso futuro! – nas mãos de quem nada sabe:
o povo – bagunçado (e bagunceiro!), desordenado (e desordenando!), e perdido (e
pondo a perder!). Quem nada sabe, nada faz ou faz errado!
Já nascemos
bagunçados e esperamos o que? Que o milagre venha de nós? Quimera fantasiosa! –
desculpa a proposital redundância! Vivemos à revelia deste povo culpado pelo
seu próprio crime e que se acha inocente – tamanha a desorientação!
Desconstruímos
o que não construímos; vivemos a morte de nossos tempos (e atos), e morremos onde
nunca houve vida.
O que vivemos
na esfera político-econômica é produto de nossas escolhas e atos. Escolhemos errado,
fizemos errado. A matemática é simples. Mas esperar que o certo venha de quem é
imanentemente errado, só em filmes de ficção que nem em Hollywood conseguiu se
produzir!
Participamos de
manifestações, fazemos “panelaços”, opinamos contra nas redes sociais, compartilhamos
vídeos, áudios e textos contra a “situação”, aderimos à moda do “fora corruPTos”,
negamos que neles votamos, pedimos impeachment, mas se uma outra eleição
ocorrer, erraremos de novo! Talvez não da mesma forma, mas outras escolhas
erradas seriam tomadas. Só bagunçaríamos o que nunca foi arrumado.
Ah, a intenção era
fazer poesia... mas a bagunça (dentro e fora) é tão grande que não dá para organizá-la
em verso e prosa.
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