“Daniel,
contudo, decidiu não se tornar impuro com a comida e com o vinho do
rei, e pediu ao chefe dos oficiais permissão para se abster deles” (Daniel 1.8).
Pessoas
decididas sempre me fascinaram. Embora eu não seja tão enfático em
minhas decisões – considero-me mais maleável –, pessoas
decididas demonstram mais respeitabilidade e impõem mais respeito.
Essa constatação adquiri através das várias experiências de
pessoas fortes em suas decisões que pude conhecer. Doa o que (e a quem) doer,
não estão interessados na autoimagem perante a opinião pública, na
quantidade de amigos que porventura possam perder ao manter uma
opinião, ou mesmo ideologia. Suas opiniões valem mais que amizades
e o próprio bem-estar.
Hodiernamente,
temos visto o debate e a defesa maciça que os meios de comunicação
têm feito sobre o homossexualismo. Enojo-me dos que se dizem
cristãos passarem para o “lado de lá”. Estes demonstram que
nunca estiveram interessados na defesa do evangelho; usam-no
simplesmente como um meio de adquirir destaque ao emitirem uma
opinião heterodoxa no que diz respeito ao homossexualismo, num
ambiente contrário ao mesmo.
Estão mais preocupados com seus egos.
São os “adoradores” do próprio estômago, dito em Filipenses
3.19: “sentem
orgulho do que é vergonhoso; eles só pensam nas coisas terrenas”.
Pessoas
assim estão mais preocupadas com a autoimagem… “dane-se o
evangelho”, comunicam eles com suas atitudes.
Quando
olho para a história de Daniel, vejo alguém que tinha tudo para se
dar bem na vida. Dar-se-ia bem no plano material (leia-se:
econômico), intelectual (poderia muito bem viver com a vaidade
intelectual sempre em alta, pois já era considerado “culto,
inteligente e que dominava vários campos do conhecimento” (cf. v.
4)), e
social
(tinha boa aparência e, pelo fato de viver com – e para – o
rei, gozava de certos privilégios).
Porém,
Daniel não enxergava nada disso. A ideologia que o habitava era
maior que as benesses que estavam postas diante dele. Sua
atitude afirmativa tinha uma fonte: seus princípios. Ele não fora
ensinado a duvidar do que lhe ensinavam durante toda sua vida, por isso, estavam
enraizados nele; eram-lhe mais valiosos que o ouro puro de Ofir.
Percebe-se
que poderia soar mais intelectualmente proveito – e vaidoso! –
para Daniel confrontar os ensinamentos recebidos de seus pais e
antepassados. Isso poderia demonstrar, para
sua sociedade, a capacidade
de crítica, de procurar antíteses e provas materiais e científicas
contrárias aos ensinos, enfim, manter uma postura cética.
Certamente que a sua intelectualidade seria mais acentuada e, quiçá,
respeitada. Nossos tempos são tomados de tamanha vaidade bestial com
o pseudônimo de “postura científica”!
Mas
não era com a autoimagem que Daniel se preocupava. Não
se importava com o risco de parecer ter uma mentalidade tacanha. Seu
compromisso com Deus e com os ideais era-lhe mais honroso, mesmo que
não fosse compreendido por ninguém, e
por isso não aceitou as iguarias do rei.
Quando
lemos a História geral, principalmente do renascimento até os
nossos dias, percebemos que as
iguarias (comida e vinho) do “deus deste século” (Cf. 2Co. 4.4)
resumem-se numa só coisa: vaidade. Ela está por todos os lugares,
inclusive, para infelicidade nossa, nas igrejas. O princípio ativo
do veneno
criado pelo deus deste século para cegar o entendimento dos
“cristãos incrédulos” é, sem sombra de dúvidas, a vaidade.
Ela
impede o resplendor da luz do evangelho na sua essência! Não
à toa que em João 12.24, o próprio Cristo nos diz que faz-se
necessário o grão morrer para dar muitos frutos; mortificar nossas
vaidades e planos pessoais que, diga-se de passagem, sempre
são feitos para o nosso próprio engrandecimento!
Mas,
para estes “cristãos incrédulos”, o mais importante são seus
planos e, óbvio, sua autoimagem.
Os
vemos defender o homossexualismo, o macroecumenismo, a não
ressurreição
de Cristo, a cobiça como “algo natural”, a volúpia (que se
contrapõe à sabedoria ensinada em Provérbios), a
libertação sexual, e
não nos surpreendamos em vê-los defender coisas mais horrendas que
estas, sempre travestidos de “sabedoria”. Percebam
que
a sabedoria mundana sempre
consistiu numa só coisa:
destruir
a
criação e os
princípios divinos! Foi exatamente isto que queria fazer
Nabucodonosor com Daniel e seus amigos.
Porém,
Daniel propôs em seu coração não se tornar impuro. Tal
pureza o fez ter o discernimento necessário para enxergar que a
“sabedoria” mundana só estava trazendo destruição moral,
espiritual e material em sua sociedade; ele pôde ver o mal que a
religião, os costumes e até mesmo a própria ciência babilônica
estava trazendo ao seu tempo.
Será
que temos o mesmo grau de pureza de Daniel para enxergarmos a
destruição
que o deus deste século tem feito com os nossos dias e com a própria
igreja? Será que a(s) vaidade(s) não tem reinado em nosso coração,
ao ponto de contristar o Espírito Santo e de se lhe tornar inimigo
(Cf. Is. 63.10)? Lembremo-nos: “Quem
ama a sua vida [seus
planos e vaidades],
perdê-la-á; e quem neste mundo odeia a sua vida, guardá-la-á para
a vida eterna”
(Cf. Jo. 12.25, grifo meu).
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