domingo, 21 de julho de 2019

Flores

1. A beleza da flor não se esconde, ela se mostra ao mundo de maneira corajosa, sem temor do julgamento e da indiferença daqueles que por ela passam, preocupados com seus males cotidianos.

2. Ela simplesmente se mostra, ensinando que a humanidade deveria reservar para si momentos de contemplação da beleza alheia; que sair de si e viver para os outros é algo possível e quiçá natural.

3. Sua beleza também nos ensina que tal qualidade é passageira, que deve estar à serviço da alegria e encantamento do próximo; que o simples é essencial e que guarda poderes inimagináveis.

4. Sua fragilidade nos mostra que, apesar de sua peculiar fraqueza, nada impede de que sua existência seja voltada ao próximo, ao invés de si mesma. Ela não nasce para si e também não morre para si.

5. As que não têm perfume não se sentem impedidas de fazer parte do espetáculo da vida. São resilientes, mas não em sua estrutura física; sua resiliência está na pureza da essência e no altruísmo próprio de sua figuração existencial.

6. Sua pureza é descomunal. Não quer somente para si a atenção alheia. Não se limita em produzir sementes para que outros iguais a si se multipliquem e faça do coletivo a verdadeira beleza paisagística. Sua humildade o faz pensar assim.

7. Não é egoísta, sabe que a diversidade de outras espécies enriquece o ambiente, formando um espetáculo à parte. Não somente suas sementes e raízes devem prevalecer, mas dá as boas vindas à todas quantas possam dividir (e competir) seu espaço.

8. O todo e o plural são o que realmente importam. A diversidade é bem-vinda. Sua beleza, fragilidade, resiliência, pureza e altruísmo também são.

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